A NOBRECEL era, na ocasião dos serviços consultivos, a mais antiga fábrica de celulose e papel da América do Sul, tendo iniciado suas atividades na década de 30, quando um dos membros de uma tradicional família paulista decidiu adquirir terras na região de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, para produzir arroz, em um trecho em que o Rio Paraíba do Sul fazia sinuosos meandros em seu curso, com isso criando uma ampla região alagável em períodos de cheia, a tornando muito propícia a esse cultivo.
Ocorreu que esse empreendedor se deu conta que seria possível produzir papelão a partir de fibras do caule de arroz, decidindo construir em suas terras a primeira fábrica dessa natureza no Brasil. Após um período de sucesso, começou a enfrentar dificuldades financeiras, tendo recorrido à Agência Governamental que antecedeu à criação do BNDESPAR, que adquiriu o seu controle e iniciou a busca de um novo controlador.
Após uma tentativa mal sucedida de incorporação da empresa pela antiga Borregard (precursora da atual Celulose Riograndense- RIocel), foi identificado um grupo que explorava madeira no Rio Grande do Sul, para exportação, próximo da região de Canela, que se encontrava naquela ocasião capitalizado e buscando novas oportunidades empresariais, diante do esgotamento das florestas nativas em sua área de atuação.
Tendo sido oferecidas condições muito favoráveis para essa aquisição, ela foi efetivada, porém com isso foi herdado todo o grande passivo que havia sido acumulado pela gestão anterior, o que viria futuramente a se constituir em um grave problema para os novos controladores.
A minha contratação ocorreu através da intermediação de um consagrado Head Hunter, que há muitos anos conhecia as minhas atividades consultivas, quando o então Principal Acionista havia decidido demitir, em um único momento, toda a diretoria que havia sido contratada anteriormente por um sobrinho seu, a quem havia delegado a função de profissionalizar a empresa, isso logo após ter descoberto que ele estava na realidade manobrando para ficar com o controle da empresa!
Negociamos rapidamente um CONTRATO DE GESTÃO, tendo assumido, já na semana subsequente aos nossos entendimentos, a gestão da empresa, contando apenas com seus GERENTES, o que se mostrou altamente conveniente, pois em uma RECUPERAÇÃO ACELERADA a preservação de antigos diretores é altamente desaconselhada, pois esses tendem a ficar se justificando e defendendo as suas antigas atuações e que contribuíram para a situação extrema a ser enfrentada.
Realizei rapidamente uma DIAGNOSE, cujas conclusões foram utilizadas para basear:
Tendo voltado dos EUA com essas propostas firmes e redentoras, fui surpreendido pela decisão do Acionista Controlador, muito mal aconselhado, de optar pela submissão de um pleito de RECUPERAÇÃO JUDICIAL, com o que eu absolutamente discordava, devido à sua evidente inviabilidade em uma indústria fortemente intensiva em capital, o que me levou a encerrar os meus serviços consultivos!
Tendo me afastado totalmente da empresa após esse encerramento, vim a saber informalmente que o pleito de RECUPERAÇÃO JUDICIAL havia sido INDEFERIDO, tal como havia previsto, tendo sido decretada a imediata FALÊNCIA DA EMPRESA.
Semanas após recebi um telefonema da esposa do referido Acionista Controlador, me comunicando que ele havia falecido, tendo sido vítima de um enfarte, do qual sobreviveu apenas alguns poucos dias, tendo ela me dito que ele havia pedido que ela transmitisse a mim os seus agradecimentos, bem como o seu arrependimento por não ter atendido às minhas recomendações finais!
Esta é uma imagem de cortar o coração, que ilustra dramaticamente como decisões executivas que contrariem frontalmente recomendações consultivas, de que nunca conseguirei esquecer e que a apresento somente para que outros empresários não incorram no mesmo erro!
Este conteúdo é relevante para sua organização? Vamos conversar.
O WhatsApp abre com o título e o link desta página preenchidos automaticamente.