Na ocasião em que fui Diretor de Planejamento Corporativo da empresa holding da Corporação Bonfiglioli, acumulei a posição de Diretor de Planejamento da CICA, na ocasião em que essa empresa detinha cerca de 70% do mercado industrial brasileiro de concentrados de tomate.
Foi uma experiência marcante, pois tive a oportunidade de coordenar um processo de reposicionamento do portfólio de produtos da empresa, então fortemente centrada no famoso Extrato de Tomate Elefante, que havia se transformado em sinônimo dessa natureza de produto., uma façanha rara no mercado e que marcou a estréia do Maurício de Souza com a criação dos personagens Elefante, que chancelava esse produto e depois o da Mônica.
Nesse sentido, liderei o processo de desenvolvimento industrial do que resultou o lançamento pioneiro dos produtos derivados de extratos de tomate leve, com as marcas Pomarola e Pomodoro. bem como, a seguir, com o início de uma linha de convenience food, denominada de Piatto D’Oro, iniciada com o lançamento de um cappelletti recheado de altíssima qualidade, produzido por máquinas totalmente automáticas, de última geração.
Outra realização importante foi o estabelecimento de um processo inovador de financiamento do capital de giro da empresa, que apresentava características fortemente sazonais, que se caracterizava pela aquisição de cerca de 70% da produção nacional de tomate industrial, cujos produtores eram financiados pelo Banco Auxiliar controlado pelo grupo e que usavam sementes especiais, literalmente trocando uma montanha de dinheiro, por uma montanha de tomates, que eram transformados em polpa concentrada, que ficava armazenada em tonéis assépticos, sendo transformados ao longo do ano em diferentes produtos derivados de tomate, que eram fortemente geradores de caixa..
Em função dessa peculiaridade, desenvolvi, em parceria com o Citibank, uma linha especial de finaciamento/investimento, através da qual a empresa ficava fortemente tomada no período de 3 meses em que se dava a aquisição da “montanha de tomates”, passando a seguir a amortizar os recursos financiados e se tornando gradativamente em uma grande investidora junto ao mesmo banco, sendo esse processo se repetido anualmente.
Outra característica inovadora desse processo foi a utilização de garantias fungíveis, ou seja: no momento inicial constituídas pelos estoques de polpa de tomate armazenadas em tambores assépticos (que são praticamente uma commodity internacional), que eram gradativamente substituídas por estoques de produtos acabados, até que houvessem sido pagos todos os valores financiados, quando se iniciava um novo ciclo.
A engenharia financeira que foi deste modo utilizada de modo pioneiro marcou tanto a minha experiência neste terreno, que passei a dizer que: “A CICA era essencialmente uma instituição financeira que circunstancialmente envolvia tomates.”
Essa experiência tem me sido muito importante, pois voltei a replicá-la, anos após, em contextos empresariais completamente diferentes, em que, ajustando esses princípios de engenharia financeira às respectivas peculiaridades, produzi soluções arquitetônicas financeiras análogas para empresas tais como Faber Castell Brasil, Brazilian Helicopters Services (BHS) e Nobrecel Celulose e Papel, onde exerci períodos de Gestão Contratada.
A eficácia dessas situações foi sempre tão forte que passei a defender o princípio de que toda empresa deve ser considerada como uma empresa financeira, cuja operação circunstancialmente envolve os produtos ou serviços com que atue!
A minha atuação junto à CICA foi interrompida quando tive que concentrar todas as minhas energias na administração das consequências da intervenção decretada pelo BACEN sobre o Complexo Financeiro Bonfiglioli.
Havia elaborado uma Diagnose da Situação de toda a Corporação Bonfiglioli, onde apontei a situação crítica em que se encontrava o Banco Auxiliar, na medida em que sua diretoria vinha assumindo uma sucessão de operações de internação de recursos que eram obtidos no exterior através da intervenção de altas autoridades governamentais e direcionados para instituições que estavam beneficiando, tal como a Central Sul e outras.
Como parte de um amplo programa de recuperação, consegui fechar um pré-contrato de aquisição do Banco Auxiliar pelo Grupo Sharp,
O negócio somente não se efetivou devido à hesitação do controlador da Corporação Bonfiglioli, que postergou uma decisão até que houve a intervenção no Banco Auxiliar, pelo BACEN.
A partir daí a minha atuação se concentrou em buscar um equacionamento para essa intervenção, que foi obtida pela alienação do controle sobre a Cica e destinação dos recursos obtidos para o ressarcimento dos credores do Banco Auxiliar, o que permitiu transformar a liquidação extrajudicial em liquidação simples, tendo sido devolvidos os bens patrimoniais de seu controlador, a quem continuei assessorando até a ocasião em que recebi um convite irrecusável para assumir uma posição de Consultor Sênior na primeira empresa de Consultoria de Gestão que havia sido criada recentemente no Brasil.
Esse foi o início formal de minha atuação consultiva, depois de um curto período nessa empresa, recebi um convite da então Companhia do Vale do Rio Doce(atual Vale), para desenvolver naquela empresa um Processo de Planejamento e Controle com características análogas ao que havia desenvolvido para a EMBRATEL, desde que criasse a minha própria empresa de consultoria, a que denominei de GLOBALCONSULT, atualmente sucedida pel LUIZ PAIVA CONSULTORIA.
A partir dapi sucederam-se Projetos Consultivos realizados em diferentes empresa e instituições de diferentes portes e atuando nos mais variados setores da economia, cujos relatos se encontram na página ACERVO DE REALIZAÇÕES que poderá ser acessada usando o link apresentado abaixo.